


Criamos uma rede de drenagem, por gravidade e por mangueiras furadas enterradas, em toda a área construída, para que as águas descendo da serra carregadas de nutrientes tenham caminho livre, não obstruído, para a lagoa e para o córrego ao lado do hotel, que desemboca no mangue e no canal

A água das torneiras e das piscinas vem diretamente de riachos e nascentes da serra em volta da pousada, nas nossas próprias terras, uma área de preservação permanente garantida. A água vinda da montanha nunca perde completamente a cor amarelada escura que o tanino das plantas lhe confere. O tanino, por outro lado, dá uma sensação maravilhosa de firmeza e adstringência na pele depois do banho. De qualquer forma, a água é submetida a controle sanitário constante para garantir sua pureza e higiene.

Frutas, verduras e temperos utilizados na cozinha provêm de uma rede de fornecedores locais comprovadamente ecossustentáveis (cultivadores, pescadores ou criadores), sendo frescos, orgânicos e naturais na medida do possível. Sermos perfeitamente coerentes e totalmente impecáveis nesse sentido é uma meta, mais que um ponto de partida, que talvez alcançaremos com anos de rodagem e busca: mas o importante é que isso representa um estilo de vida, nesse mundo em colapso, e diria até uma crença, para nós mesmos e para repassar para nossos hóspedes.

Estamos realizando testes para averiguar se será possível e viável implantar a energia solar nesse ecossistema. Infelizmente, o ecossistema Lagamar é caracterizado por um índice de insolação muito baixo, por causa da umidade constante da região, e não parece nada propício para essa fonte de energia (assim como para a eólica). Pelo contrário, parece adequado imaginar, no futuro, uma minicentral hidroelétrica fornecendo energia para o hotel, colocada na pequena barragem que represa as águas da lagoa. A água – descendo do céu ou da montanha – é, sem dúvida, a grande fonte de energia para essa região tão profundamente aquática.
O lixo orgânico do hotel e do restaurante é reutilizado inteiramente em composteiras, que sustentam a horta e o jardim.

Toda a iluminação interna e externa é feita com lâmpadas de baixo consumo, e – nos casos de necessidade de iluminação mais forte, como no estacionamento, na cozinha e na parede de exposição de obras de arte – com spots LED.
Os produtos de limpeza utilizados no dia a dia da pousada são ambiental e socialmente corretos: os produtos de limpeza usados na limpeza dos quartos, na lavanderia e na cozinha são Biowash Eco,, da marca Cassiopéia, os primeiros produtos de limpeza não poluentes e 100% biodegradáveis fabricados no Brasil. O detergente para a louça é da mesma marca, com as mesmas características sustentáveis, não agressivas para o ambiente em volta. Os sabonetes fornecidos aos hóspedes são fabricados com produtos e essências naturais locais por uma rede de produtores da comunidade chamada 'Cheiro do Mato' (um deles, seu Zé, além de fornecedor é nosso vizinho querido, e um personagem para lá de pitoresco, que vale a pena conhecer). Não usamos nada que contenha substâncias agressivas para o meio ambiente, como o cloro, presente na maioria dos produtos de limpeza da grande indústria.
Para tentar controlar o excesso de insetos, utilizamos a irroração da área com óleo de neen (ou nin, em português), uma substância extraída da Azadirachta, planta de origem indiana da família do mogno e do cedro. O óleo de neen é uma forma milenária de controle natural e não agressivo para os demais animais e plantas, especialmente para os sapos, pererecas e aranhas, que são nosso principal aliado nessa luta. Em volta do restaurante e no jardim plantamos citronela e outras plantas, como o gerânio, que ajudam a afastar os hematófagos. Outro recurso, que utilizamos nos períodos de maior agressividade dos bichos, é a fumigação: a fumaça de folhas, como as de eucalipto, é um método garantido para aliviar o assédio. Nas varandas, as lâmpadas são do tipo que não atrai os insetos.

Nossas terras se estendem por dezenas de hectares até as vertentes da serra acima, e até o canal além da área de mangue. A mata em volta foi bastante explorada e saqueada nas décadas da ditadura militar, quando o desmatamento e a exportação de madeira nobre eram incentivados e até premiados. Cabe a nós agora cuidar para que nosso meio ambiente volte ao seu estado primordial: nunca mais virgem, mas pelo menos saudável e viçoso, com seu ecossistema relativamente completo e autossuficiente. SERRARIAS E CARVOARIAS AQUI NUNCA MAIS.